Palestra “A câmara clara” por Fábio Castro e mediação de Mariza Mokazel
O livro de Roland Barthes, A Câmara clara é uma indicação de caminho para entrar na poética da imagem. Uma poética que se faz pelo “que é o fotográfico: um processo pessoal conduzido por uma paixão”. Assim foi a fala proferida no último dia do colóquio pelo pesquisador Fábio Castro.
Entre outros aspectos, a conversa, com base nos conceitos de studium, punctum e spectrum, incidiu nas relações do fotógrafo com a imagem e do fotografado e a imagem sob a perspectiva das práticas fotográficas do fazer (de quem experimenta), do suportar (ação do espectador) e do olhar (ação do autor dentro de um ato de compreensão histórica).
Fábio Fonseca de Castro.
Graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Pará (1990), mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília (1994), mestre em Estudo das Sociedades Latino-Americanas (opção Antropologia) pela Université de Paris III (Sorbonne-Nouvelle) (2000) e doutor em Sociologia pela Université de Paris V (Sorbonne-Descartes) (2003). Professor adjunto da Universidade Federal do Pará, vinculado ao programa de pós-graduação Comunicação e Cultura na Amazônia e à Faculdade de Comunicação. Autor dos livros “A Cidade Sebastiana. Era da Borracha, memória e melancolia numa capital da periferia da modernidade” e “Entre o Mito e a Fronteira. Estudo sobre a figuração da Amazônia na produção artística e intelectual de Belém entre 1970 e 2000”.
Marisa Mokarzel
Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará e mestre em História da Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenadora Adjunta do Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura, da Universidade da Amazônia. Professora de História da Arte do curso de Artes Visuais e Tecnologia da Imagem, Arquitetura e Moda da Universidade da Amazônia. Pertence ao Conselho Curador do Museu da Universidade Federal do Pará. Foi diretora e curadora do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas do Sistema Integrado de Museus da Secretaria Executiva de Cultura do Estado do Pará. Idealização juntamente com Rosangela Britto do Laboratório das Artes, sala projetada para atender mostras experimentais. Foi organizadora dos livros Artes Visuais e Suas Interfaces, coleção Linguagens: estudos interdisciplinares e multiculturais, vol. 5, editados em 2006 e 2008 pela Universidade da Amazônia. Coordenadora Técnica do Projeto Rios de Terras e Águas: navegar é preciso, que participou do Programa Petrobras Cultural e gerou um livro e um DVD (2010) sobre seis artistas contemporâneos do Pará.

Projeção durante a palestra de Fábio Castro sobre a obra "A câmara clara" de Roland Barthes. Foto: Irene Almeida.

Projeção durante a palestra de Fábio Castro sobre a obra "A câmara clara" de Roland Barthes. Foto: Rafael Araújo.
Fórum de pesquisa “Imagens e palavras” por Danielle Fonseca e Ionaldo Rodrigues
In laboratório de produção: assim começa o segundo momento do último dia do colóquio. Um percurso por entre imagens e palavras enviesadas pela poética de Danielle Fonseca, uma poética literária impressa em fluídos de palavras se movendo, diluindo-se, transformando-se em imagens – por uma “hidropoética” da imagem e da forma. Bem como pela poética do tempo, de Ionaldo Rodrigues, inscrita sob o processo fotográfico, sob as crônicas e os relatos de viagens de religiosos e exploradores civis e militares que passaram por Belém do século XVI ao XIX e da produção laboratorial de imagens técnicas. Esses foram os caminhos que os pesquisadores construíram no colóquio, mostrando, entre paisagens e crônicas, entre bilhetes e um caminhar pela cidade, os movimentos impressos nas caixas-postais, nas placas de ferro, em prosas, nas ruas, nas águas, em grandes origamis postos na praia, na memória de uma cidade, enfim, impressos nos olhos e nos rastros de dois pesquisadores.
Link: http://twitcam.livestream.com/2w7cx
Danielle Fonseca
Artista e pesquisadora que se utiliza de várias linguagens para compor sua poética, traz em seu currículo uma extensa lista de exposições. Premiada em 2001 e 2003 no Prêmio Aquisição no Salão Arte Pará-PA e em 2006 no prêmio Aquisição no Salão Unama de Pequenos Formatos – PA faz da literatura, da música e das imagens seu espaço para criação. Desenvolve pesquisa desde 2002 e está agora finalizando a bolsa de Pesquisa e Experimentação Artística fornecida pelo IAP – PA.
Ionaldo Rodrigues
Graduado em Ciências Sociais pela UFPA, fotografa desde 2004, quando participou da oficina de iniciação fotográfica “Photomorphosis”, ministrada por Miguel Chikaoka na Associação Fotoativa. Em 2007 iniciou o ensaio “A Botânica do Asfalto pela Fotografia Artesanal”, contemplado com a bolsa de Pesquisa em Arte do IAP. Em 2009 recebeu prêmio incentivo no II Salão SESC Universitário de Arte Contemporânea e, em 2010, prêmio no 3o Salão da Vida. Coordena desde 2009 o Núcleo de Pesquisa e Documentação da Associação Fotoativa.
Palestra “Pequena historia da Fotografia” de Walter Benjamin e “Sob o signo de saturno” de Susan Sontag por Ernani Chaves e mediação de Patrick Pardini.
“A Pequena história está relacionada à crítica da grande história dos vencedores, dos positivistas, dos vencedores da exaltação e da construção dos heróis…” com está frase, o pesquisador Ernani Chaves situou o público sobre as implicações teóricas e metodológicas do ensaio Pequena História da Fotografia (1931), em sua palestra de encerramento do colóquio.
A distinção entre retrato, imagem e fisiognomia; o apogeu e a decadência após a industrialização da fotografia; a liquidação da aura na estética contemporânea; o conceito de reprodutibilidade como condições de possibilidades para reproduzir imagens; e o caráter mágico da linguagem, firmado no caráter infinito da significação foram os pontos de encontro presentes na fala do palestrante.
Depois, em Sob o Signo de Saturno, Ernani discutiu os principais aspectos das analises que Susan Sonntag fez entre os “retratos” e pensamentos de Benjamin. Numa tentativa de articular essas imagens ao pensamento, ela põe em evidência a leitura de um homem com o corpo e olhos postos no canto, de fisionomia retraída com as mãos segurando levemente o queixo, que inspira um ar melancólico, de um ser nascido sob o signo de saturno.
Ernani Chaves
Doutor em Filosofia, com dois Pós-Doutorados na Alemanha. Professor da Faculdade de Filosofia e dos Programas de Pós-Graduação em Psicologia, Ciências Sociais e Antropologia da UFPA. Autor de “No limiar do moderno: estudos sobre Nietzsche e Walter Benjamin” (Belém, Paka:Tatu, 2003) e de diversos artigos e capítulos de livros no Brasil e no exterior, em especial sobre Nietzsche e a Escola de Frankfurt. Pesquisa e orienta dissertações e teses acerca das relações entre expressões artísticas e identidades culturais na Amazônia.
Patrick Pardini
Fotógrafo. Nasceu em Niterói-RJ em 1953 e mora em Belém-PA desde 1981. Realizou, na década de 1980, uma série de documentários audiovisuais sobre temas amazônicos em co-autoria com José Alberto Colares (Roda Peão, 1983) e uma primeira exposição individual (em 1989, no Centro Cultural São Paulo, em São Paulo) sobre ritos sociais urbanos, intitulada O ritual das máscaras. Em 1990, documentou comunidades remanescentes de quilombos no rio Trombetas (Pará). De 1995 a 1999, residiu em Amiens e Paris, onde realizou as exposições Autre Amazonie e Mondial Hors Champ. Atualmente coordena o núcleo de fotografia do Museu da Universidade Federal do Pará e se dedica a uma pesquisa fotográfica sobre “a fisionomia do vegetal na paisagem amazônica” denominada Arborescência, beneficiada pelas bolsas Vitae (2002) e Instituto de Artes do Pará (2003), e selecionada pelo Ano do Brasil na França em2005.