Barthes, fórum Imagens e Palavras, Benjamin e Susan Sontag no encerramento da 8º edição do Colóquio

Palestra “A câmara clara” por Fábio Castro e mediação de Mariza Mokazel

O livro de Roland Barthes, A Câmara clara é uma indicação de caminho para entrar na poética da imagem. Uma poética que se faz pelo “que é o fotográfico: um processo pessoal conduzido por uma paixão”. Assim foi a fala proferida no último dia do colóquio pelo pesquisador Fábio Castro.

Entre outros aspectos, a conversa, com base nos conceitos de studium, punctum e spectrum, incidiu nas relações do fotógrafo com a imagem e do fotografado e a imagem sob a perspectiva das práticas fotográficas do fazer (de quem experimenta), do suportar (ação do espectador) e do olhar (ação do autor dentro de um ato de compreensão histórica).

Fábio Fonseca de Castro.
Graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Pará (1990), mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília (1994), mestre em Estudo das Sociedades Latino-Americanas (opção Antropologia) pela Université de Paris III (Sorbonne-Nouvelle) (2000) e doutor em Sociologia pela Université de Paris V (Sorbonne-Descartes) (2003). Professor adjunto da Universidade Federal do Pará, vinculado ao programa de pós-graduação Comunicação e Cultura na Amazônia e à Faculdade de Comunicação. Autor dos livros “A Cidade Sebastiana. Era da Borracha, memória e melancolia numa capital da periferia da modernidade” e “Entre o Mito e a Fronteira. Estudo sobre a figuração da Amazônia na produção artística e intelectual de Belém entre 1970 e 2000”.

Marisa Mokarzel
Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará e mestre em História da Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenadora Adjunta do Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura, da Universidade da Amazônia. Professora de História da Arte do curso de Artes Visuais e Tecnologia da Imagem, Arquitetura e Moda da Universidade da Amazônia. Pertence ao Conselho Curador do Museu da Universidade Federal do Pará. Foi diretora e curadora do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas do Sistema Integrado de Museus da Secretaria Executiva de Cultura do Estado do Pará. Idealização juntamente com Rosangela Britto do Laboratório das Artes, sala projetada para atender mostras experimentais. Foi organizadora dos livros Artes Visuais e Suas Interfaces, coleção Linguagens: estudos interdisciplinares e multiculturais, vol. 5, editados em 2006 e 2008 pela Universidade da Amazônia. Coordenadora Técnica do Projeto Rios de Terras e Águas: navegar é preciso, que participou do Programa Petrobras Cultural e gerou um livro e um DVD (2010) sobre seis artistas contemporâneos do Pará.

Projeção durante a palestra de Fábio Castro sobre a obra "A câmara clara" de Roland Barthes. Foto: Irene Almeida.

Marisa Mokarzel na mediação da palestra de Fábio Castro. Foto: Irene Almeida.

Projeção durante a palestra de Fábio Castro sobre a obra "A câmara clara" de Roland Barthes. Foto: Rafael Araújo.

Fórum de pesquisa “Imagens e palavras” por Danielle Fonseca e Ionaldo Rodrigues

In laboratório de produção: assim começa o segundo momento do último dia do colóquio. Um percurso por entre imagens e palavras enviesadas pela poética de Danielle Fonseca, uma poética literária impressa em fluídos de palavras se movendo, diluindo-se, transformando-se em imagens – por uma “hidropoética” da imagem e da forma. Bem como pela poética do tempo, de Ionaldo Rodrigues, inscrita sob o processo fotográfico, sob as crônicas e os relatos de viagens de religiosos e exploradores civis e militares que passaram por Belém do século XVI ao XIX e da produção laboratorial de imagens técnicas. Esses foram os caminhos que os pesquisadores construíram no colóquio, mostrando, entre paisagens e crônicas, entre bilhetes e um caminhar pela cidade, os movimentos impressos nas caixas-postais, nas placas de ferro, em prosas, nas ruas, nas águas, em grandes origamis postos na praia, na memória de uma cidade, enfim, impressos nos olhos e nos rastros de dois pesquisadores.

Link: http://twitcam.livestream.com/2w7cx

Danielle Fonseca
Artista e pesquisadora que se utiliza de várias linguagens para compor sua poética, traz em seu currículo uma extensa lista de exposições. Premiada em 2001 e 2003 no Prêmio Aquisição no Salão Arte Pará-PA e em 2006 no prêmio Aquisição no Salão Unama de Pequenos Formatos – PA faz da literatura, da música e das imagens seu espaço para criação. Desenvolve pesquisa desde 2002 e está agora finalizando a bolsa de Pesquisa e Experimentação Artística fornecida pelo IAP – PA.

Ionaldo Rodrigues
Graduado em Ciências Sociais pela UFPA, fotografa desde 2004, quando participou da oficina de iniciação fotográfica “Photomorphosis”, ministrada por Miguel Chikaoka na Associação Fotoativa. Em 2007 iniciou o ensaio “A Botânica do Asfalto pela Fotografia Artesanal”, contemplado com a bolsa de Pesquisa em Arte do IAP. Em 2009 recebeu prêmio incentivo no II Salão SESC Universitário de Arte Contemporânea e, em 2010, prêmio no 3o Salão da Vida. Coordena desde 2009 o Núcleo de Pesquisa e Documentação da Associação Fotoativa.

"Era essa a Paisagem" (Registro de ação) de Danielle Fonseca.

"Progresso LTDA" (Cianótipo) de Ionaldo Rodrigues.

Palestra “Pequena historia da Fotografia” de Walter Benjamin e “Sob o signo de saturno” de Susan Sontag por Ernani Chaves e mediação de Patrick Pardini.

“A Pequena história está relacionada à crítica da grande história dos vencedores, dos positivistas, dos vencedores da exaltação e da construção dos heróis…” com está frase, o pesquisador Ernani Chaves situou o público sobre as implicações teóricas e metodológicas do ensaio Pequena História da Fotografia (1931), em sua palestra de encerramento do colóquio.

A distinção entre retrato, imagem e fisiognomia; o apogeu e a decadência após a industrialização da fotografia; a liquidação da aura na estética contemporânea; o conceito de reprodutibilidade como condições de possibilidades para reproduzir imagens; e o caráter mágico da linguagem, firmado no caráter infinito da significação foram os pontos de encontro presentes na fala do palestrante.

Depois, em Sob o Signo de Saturno, Ernani discutiu os principais aspectos das analises que Susan Sonntag fez entre os “retratos” e pensamentos de Benjamin. Numa tentativa de articular essas imagens ao pensamento, ela põe em evidência a leitura de um homem com o corpo e olhos postos no canto, de fisionomia retraída com as mãos segurando levemente o queixo, que inspira um ar melancólico, de um ser nascido sob o signo de saturno.

Ernani Chaves
Doutor em Filosofia, com dois Pós-Doutorados na Alemanha. Professor da Faculdade de Filosofia e dos Programas de Pós-Graduação em Psicologia, Ciências Sociais e Antropologia da UFPA. Autor de “No limiar do moderno: estudos sobre Nietzsche e Walter Benjamin” (Belém, Paka:Tatu, 2003) e de diversos artigos e capítulos de livros no Brasil e no exterior, em especial sobre Nietzsche e a Escola de Frankfurt. Pesquisa e orienta dissertações e teses acerca das relações entre expressões artísticas e identidades culturais na Amazônia.

Patrick Pardini
Fotógrafo. Nasceu em Niterói-RJ em 1953 e mora em Belém-PA desde 1981. Realizou, na década de 1980, uma série de documentários audiovisuais sobre temas amazônicos em co-autoria com José Alberto Colares (Roda Peão, 1983) e uma primeira exposição individual (em 1989, no Centro Cultural São Paulo, em São Paulo) sobre ritos sociais urbanos, intitulada O ritual das máscaras. Em 1990, documentou comunidades remanescentes de quilombos no rio Trombetas (Pará). De 1995 a 1999, residiu em Amiens e Paris, onde realizou as exposições Autre Amazonie e Mondial Hors Champ. Atualmente coordena o núcleo de fotografia do Museu da Universidade Federal do Pará e se dedica a uma pesquisa fotográfica sobre “a fisionomia do vegetal na paisagem amazônica” denominada Arborescência, beneficiada pelas bolsas Vitae (2002) e Instituto de Artes do Pará (2003), e selecionada pelo Ano do Brasil na França em2005.

Ernani Chaves lê as análises de Susan Sontag sobre os retratos de Walter Benjamin. Foto: Irene Almeida.

Ernani Chaves e Patrick Pardini debatem com público. Foto: Irene Almeida.

Produção e pesquisa em fotografia: encontro de trajetórias na penúltima noite do Colóquio

O diálogo entre gerações de produtores e pesquisadores da imagem fotográfica no cenário local foi uma das principais propostas da programação da oitava edição do Colóquio. Tal elemento da edição 2010 teve destaque no encontro entre palestrantes e o público no auditório do SESC Boulevard no quarto dia do evento.

As possíveis narrativas da obra fotográfica de Cláudia Leão e Mariano Klautau Filho foram a base das pesquisas apresentadas por Natali Ikikame e Simone Moura no fórum de pesquisa que antecedeu a palestra sobre a obra “O ato fotográfico” de Philippe Dubois, abordada por Mariano Klautau Filho.
 
As pesquisas de Natali Ikikame e Simone Moura, iniciadas na graduação em Artes Visuais da UNAMA durante os anos 2000, abordam as obras de dois artistas que integraram no início dos anos 1990 o grupo Caixa de Pandora, e junto com Flavya Mutran e Orlando Maneschy introduziram no cenário artístico paraense trabalhos no campo da fotografia expandida. Uma das marcas do grupo Caixa de Pandora, segundo análise da professora Marisa Mokarzel, destaca-se no comprometimento “com um universo fotográfico mais processual, no qual se evidencia a subjetividade” (no artigo: “Imprecisas imagens: a fotografia de Mariano Klautau Filho”).

A fala de Mariano Klautau Filho sobre “O ato fotográfico” de Dubois apresentada no ciclo de palestras marca também a relação indissociável entre pesquisa e produção na sua trajetória enquanto fotógrafo e pesquisador. Assim como os três outros integrantes do Caixa de Pandora, hoje em percursos individuais entre universidades e espaços expositivos, Mariano Klautau Filho integra uma geração que atua no processo de expansão das possibilidades de transitar no “território do fotográfico”, expressão síntese de sua abordagem sobre o texto de Philippe Dubois.

Natali Ikikame e Simone Moura. Foto: Irene Almeida.

Pesquisa de Natali Ikikame sobre a obra de Cláudia Leão. Foto: Irene Almeida.

Projeção durante a apresentação da pesquisa de Simone Moura, registro da instalação fotográfica "Entre" de Mariano Klautau Filho. Foto: Irene Almeida.

Palestra de Mariano Klautau Filho sobre a obra "O ato fotográfico" de Philippe Dubois. Foto: Irene Almeida.

Fotografia de Mario Cravo Neto projetada durante a palestra de Mariano Klautatu Filho. Foto: Irene Almeida.

Miguel Chikaoka. Foto: Michel Pinho.

Cláudia Leão. Foto: Michel Pinho.

“Retrato e narrativa – Fotografia” hoje no fórum de pesquisa e “O ato fotográfico” de Philippe Dubois no ciclo de palestras do Colóquio.

18:30 fórum de pesquisa “Retrato e narrativa – Fotografia” – por Natali Ikikame e Simone de Oliveira Moura.

Natali Ikikame é Graduada em Artes Visuais e Tecnologia da Imagem pela Universidade da Amazônia – UNAMA. Integra o Grupo de Pesquisa de Crítica e Historiografia da Arte na Amazônia (CHAA) do Programa de Pós-graduação em Artes da UFPA e UNAMA. Atualmente é mestranda do Programa de Pós-graduação em Artes do Instituto de Ciências da Arte – ICA/UFPA.

Resumo da comunicação no fórum.

Propor a reflexão do retrato fotográfico no campo da visualidade enquanto narrativa presente em construções artístico-estéticas tendo como objeto de estudo principal a série “O Rosto e os outros” da fotógrafa paraense Cláudia Leão.

Imagem da série “O Rosto e os Outros” de Cláudia Leão.

Simone Moura é Licenciada e Bacharel em Artes Visuais e Tecnologia da Imagem, pela Universidade da Amazônia. Professora pesquisadora em programas de Educação Patrimonial realizados pelo Museu Paraense Emílio Goeldi e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN no interior no estado do Pará desde 2004. Foi pesquisadora, juntamente com Marisa Mokarzel e Janice Lima, e coordenadora de apoio e produção do projeto Rios de Terras e águas: navegar é preciso.

Resumo da comunicação no fórum.

O processo de construção de narrativas na obra do fotógrafo Mariano Klautau Filho
Uma abordagem sobre o processo de construção de narrativas na obra do fotógrafo Mariano Klautau Filho, considerando as concepções de representação e construção de realidades na fotografia a partir das obras teóricas Realidades e Ficções na Trama Fotográfica de Boris Kossoy e O Ato Fotográfico e Outros Ensaios de Philippe Dubois. Essa apresentação tem como base o texto produzido sobre o artista para o livro Rios de Terras e Águas: navegar é preciso e minha monografia de graduação intitulada Realidades Construídas na Fotografia: In Uterus – uma experiência poética.

Mariano Klautau Filho. Série Caixa de Pandora. 1998

19:30 palestra “O ato fotográfico” de Philippe Dubois – por Mariano Klautau Filho com mediação de Ionaldo Rodrigues.

Mariano Klautau Filho Nasceu em Belém, Brasil em 64. Vive e Trabalha em Belém. Fotógrafo e pesquisador. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo. Professor de fotografia da Universidade da Amazônia. Grande Prêmio – Arte Pará 2001 e 2007. Coordenador do projeto “Fotografia Contemporânea Paraense – Panorama 80/90” – Edital Petrobrás Artes Visuais – 2002. Criador e coordenador do “Colóquio Fotografia e Imagem” realizado pela Fotoativa desde 2002. Expõe no Brasil e exterior como “Mostra Pirelli/Masp de Fotografia – Museu de Arte de São Paulo – SP (2010), “A Brush with Light –  Newport-Wales – Arts Council of Wales e University Of Wales – Newport.(2010), “Finisterra” (individual) – Fauna Galeria – SP (2010),  “Realidades Imprecisas” – Sesc Pinheiros – São Paulo (2009), “Equatorial” CEB-Cidade do México(2009),”Finisterra” Fotoclub – Montevideo – Uruguay(2009), “Finisterra_Carta Aérea” – Wiesbaden – Alemanha (2008), “II FestFotoPoa” – Porto Alegre” (2008), “I Bienal del Fin Del Mundo”- Ushuaia – Argentina (2007), “Desindentidad” – IVAM -Valência – Espanha (2006), “Veracidade” –  MAM – São Paulo (2006), “Une Certaine Amazonie – Villes Fragiles” – La Courneuve – Paris – França (2005) entre outras. Possui obras nos acervos do Museu de Fotografia da Cidade de Curitiba, Museu do Estado do Pará – Belém, Coleção Joaquim Paiva, Museu de Arte Moderna de São Paulo –MAM e Coleção Pirelli/MASP – SP

Ionaldo Rodrigues é graduado em Ciências Sociais pela UFPA e fotografa desde 2004, quando participou da oficina de iniciação fotográfica “Photomorphosis”, ministrada por Miguel Chikaoka na Associação Fotoativa. Em 2007 iniciou o ensaio “A Botânica do Asfalto pela Fotografia Artesanal”, contemplado com a bolsa de Pesquisa em Arte do IAP. Em 2009 recebeu prêmio incentivo no II Salão SESC Universitário de Arte Contemporânea e, em 2010, prêmio no 3o Salão da Vida. Coordena desde 2009 o Núcleo de Pesquisa e Documentação da Associação Fotoativa.

Programa da palestra:

“Caderno de notas: 3 ou 4 coisas sobre ‘O Ato Fotográfico’”
Pensar a fotografia como signo é conhecê-la fora e dentro do território fotográfico. A palestra propõe apresentar alguns elementos que sustentam as idéias principais propostas pela obra de Phillippe Dubois ressaltando sua relação com a semiótica de Charles Sanders Peirce mas também seu possível diálogo com articulações filosóficas de outros três franceses: Roland Barthes, François Soulages e André Rouillé.

Fórum de pesquisa segue com “Crítica, fotografia e arte contemporânea”. A “Filosofia da caixa preta” de Vilém Flusser será discutida na palestra de Cláudia Leão

18:30 fórum de pesquisa “Crítica, fotografia e arte contemporânea” – por Ricardo Macêdo e Adriele Silva.

Ricardo Macedo é Formado em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Pará e Design de Interiores pela Escola Técnica Federal. Começou a carreira artística como desenhista e pintor abstrato em 1996. Mas, desde 2004, utiliza-se também de algumas linguagens como: fotografia, performance e vídeo. Suas pesquisas giram em torno dos seguintes temas: identidade, complexidade, história, comunicação e alteridade. É editor do blog novas-medias.blogspot.com

TEMA DA COMUNICAÇÃO: IMAGENS RELACIONAIS
O presente trabalho é resultado da junção de duas pesquisas: meu projeto de TCC intitulado “De um passado expandido a um presente diluído:  Percursos da produção em Arte Contemporânea” e uma pesquisa atual sobre Arte Relacional.  As duas pesquisas se entrecruzam para refletir de um lado, a influência do contexto histórico e do cotidiano nas produções contemporâneas e por outro a mudança conceitual no papel das imagens enquanto elemento de registro das produções artísticas, para assim, chegar a uma compreensão mais expandida das imagens dentro do cenário atual.
Deste modo, as imagens atuais são relacionais pelo fato de estarem interligadas em rede a outras áreas do conhecimento e sobremaneira à vida e ao cotidiano. O que sobrevém destes atravessamentos? Modos de percepção diferenciados que agora mais do que nunca incluem: imprevisibilidade, contradições, paradoxos, processos, vivência, tempo e durações.
Para ilustrar tais questões utilizarei três grupos: Fluxus, Provos e Internacional Situacionista dentro do contexto da década de sessenta e três artistas contemporâneos: Marilá Dardot, Tiravanija e Tere Recarens , para chegar a idéia de que algumas imagens hoje, não podem deixar de ser pensadas fora das interações em rede com os Outros e das emergências do social: do afeto, da política, da alteridade e do biológico.

Adriele Silva é graduanda em Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará. Em 2009 foi bolsista do PIBIC/CNPq com o projeto “Caminhos Cruzados: entre crítica de arte e curadoria”, do Programa de Pesquisa e Extensão Territórios Híbridos. Atuou como assistente de produção no projeto Água Mídia Locativa e como mediadora cultural no Museu da UFPA e no 27º Salão Arte Pará. É voluntária no Núcleo de Formação e Experimentação da Fotoativa, onde ministra oficinas de iniciação a fotografia.

TEMA DA COMUNICAÇÃO: CAMINHOS POSSÍVEIS? A CRÍTICA DE ARTE E A CURADORIA COMO AÇÃO DE UM ESPAÇO E TEMPO ESPECÍFICO
Como e porque os conceitos de crítica de arte e de curadoria podem ser identificados no espaço –tempo da Galeria Teodoro Braga (GBT) no período que corresponde ao anos de 1990 a 2008? Um estudo de caso busca delinear os caminhos possíveis e os entrecruzamentos entre as ações de crítica de arte e de curadoria na GTB – cidade de Belém, PA. Iniciado como plano de trabalho de uma bolsa de iniciação científica do CNPq caminha rumo a uma primeira finalização como Trabalho de Conclusão de Curso e apresenta-se agora como pesquisa em andamento que firma-se como um território de conceitos hibridizados, principal característica de nossa contemporaneidade na arte a na vida.

19:30 Palestra “Filosofia da caixa preta” de Vilém Flusser – Por Cláudia Leão com mediação de Mariano Klautau Filho.

Claudia Leão nasceu em Belém do Pará. É pesquisadora, fotógrafa e artista visual.  Desenvolve projetos sobre a ontogênese da imagem – suas vinculações em processos criativos e psicossociais. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP (2001) e doutoranda do mesmo programa. É articuladora do Caixa de Pandora – Núcleo de Imagens que se destina à pesquisa e a arte da fotografia, e do CISC – Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia – SP, vinculado ao COS-PUC. Tem trabalhos publicados em livros, catálogos, revistas científicas. Entre os livros, cabe ressaltar o “Novas Travessias – Contemporary Brazilian Photography”, Ed. Verso, London – New York (1996); “Fotografia Contemporânea Paraense – Panorama 80/90” (2003); Visões e Alumbramentos  – Fotografia Contemporânea Coleção Joaquim Paiva. Brasil Connects, São Paulo (2004) e Mapas Abiertos Fotografía Latinoamericana 1991-2002, Editores Lunwerg. Barcelona/ Espanha (2004). Em 2008 trabalhou na edição de imagens para o livro do estilista  André Lima para Coleção Brasileira de Moda (CosacNaify). Como artista realizou exposições individuais: O Rosto e os Outros (Belem/PA-1995); O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam (Fortaleza/CE-2000) e Protocolo de Infinitas Imagens Cotidianas ou as nossas Lembraças e os nossos esquecimentos (Quito/Equador-2008). Dentre as  mostras coletivas destaca: Rumo da Nova Arte Brasileira – Entre o mundo e o sujeito – Rumos artes visuais – Itaú Cultural – Instituto Cultural Joaquim Nabuco. 2003; Fotografia Contemporânea Paraense – Panorama 80/90.  2002/2003; Visões e Alumbramentos – Coleção Joaquim Paiva. Pavilhão Oca. Parque Ibirapuera. São Paulo. Mostra Paralela; 25ª Bienal de São Paulo. Março/2002; e Diário Contemporâneo de Fotografia em Belém do Pará (2010).

Mariano Klautau Filho Nasceu em Belém, Brasil em 64. Vive e Trabalha em Belém. Fotógrafo e pesquisador. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo. Professor de fotografia da Universidade da Amazônia. Grande Prêmio – Arte Pará 2001 e 2007. Coordenador do projeto “Fotografia Contemporânea Paraense – Panorama 80/90” – Edital Petrobrás Artes Visuais – 2002. Criador e coordenador do “Colóquio Fotografia e Imagem” realizado pela Fotoativa desde 2002. Expõe no Brasil e exterior como “Mostra Pirelli/Masp de Fotografia – Museu de Arte de São Paulo – SP (2010), “A Brush with Light –  Newport-Wales – Arts Council of Wales e University Of Wales – Newport.(2010), “Finisterra” (individual) – Fauna Galeria – SP (2010),  “Realidades Imprecisas” – Sesc Pinheiros – São Paulo (2009), “Equatorial” CEB-Cidade do México(2009),”Finisterra” Fotoclub – Montevideo – Uruguay(2009), “Finisterra_Carta Aérea” – Wiesbaden – Alemanha (2008), “II FestFotoPoa” – Porto Alegre” (2008), “I Bienal del Fin Del Mundo”- Ushuaia – Argentina (2007), “Desindentidad” – IVAM -Valência – Espanha (2006), “Veracidade” –  MAM – São Paulo (2006), “Une Certaine Amazonie – Villes Fragiles” – La Courneuve – Paris – França (2005) entre outras. Possui obras nos acervos do Museu de Fotografia da Cidade de Curitiba, Museu do Estado do Pará – Belém, Coleção Joaquim Paiva, Museu de Arte Moderna de São Paulo –MAM e Coleção Pirelli/MASP – SP

Diálogos entre pintura e fotografia e entre pictórico e indicialidade marcam a segunda noite do Colóquio

As falas de Pablo Mufarrej e Flávio Araújo iniciaram o fórum de pesquisa levantando questões sobre as relações entre fotografia e pintura. Elementos comuns compartilhados no universo das duas linguagens, tanto no plano objetivo, como o uso da câmera escura e as leis da perspectiva geométrica, quanto na poética dos processos de produção artística dos participantes do fórum foram discutidos entre os artistas e o público do Colóquio.

 

Apresentação de Pablo Mufarrej. Foto: Irene Almeida.

A abstração na macrofotografia de um dente. Foto: Irene Almeida.

A palestra do fotógrafo e pesquisador Patrick Pardini sobre a obra “O Fotográfico” de Rosalind Krauss estimulou uma presença significativa do público no debate iniciado pelo mediador Fábio Castro. Os pontos de encontro e distanciamento entre o pictórico, o simbólico e o indicial no fotográfico estiveram em questão. As relações entre mercado de arte e o fazer artístico contemporâneo também foram debatidos em diálogo com as ideias de Rosalind Krauss sobre a radicalidade do fotográfico.

 

Patrick Pardini e Fábio Castro. Foto: Michel Pinho.

Público durante a palestra de Patrick Pardini. Foto: Michel Pinho

“Pintura e Realidade” na abertura do fórum de pesquisa e “O fotográfico” de Rosalind Krauss na palestra de Patrick Pardini

18:30 fórum de pesquisa “Pintura e Realidade” – por Flávio Araujo e Pablo Mufarrej.

Flávio Araujo nasceu em Belém (PA) onde concluiu o curso de educação artística com habilitação em artes plásticas na UFPA. Em 2006 participou da coletiva Itinerários- Arte Pública e no ano seguinte foi premiado no II Salão da Vida. Em 2008, expôs trabalhos no 14º Salão Unama Pequenos Formatos, sendo contemplado com Prêmio Aquisição. Nesse mesmo ano obteve a Bolsa de Pesquisa, Experimentação e Criação Artística concedida pelo Instituto de Artes do Pará e participou da coletiva Contiguidades: Dos anos 2000, no MHEP. Foi selecionado pelo projeto Rumos Artes Visuais 2008-2009 para a exposição trilhas do desejo no espaço Itaú cultural em São Paulo. Em 2009 foi selecionado na 28º edição do Salão Arte Pará, no qual recebeu menção honrosa. Neste ano foi selecionado para o prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia sendo contemplado com a menção honrosa. Vive e Trabalha em Belém.

Flávio Araujo. “Head Pixel I, II e III”, acrílica sobre PS, 0,35 x 0,42 m, 2010.

Pablo Mufarrej é Formado em Educação Artística – Habilitação em Artes Plásticas (Universidade Federal do Pará). Professor desde 2008 da disciplina Artes nas Escolas Dr Carlos Guimarães e Almirante Tamandaré. Foi instrutor de oficinas de nos cursos de xilogravura, serigrafia, desenho e pintura da Fundação Curro Velho (2001 a 2007).

principais exposições

• Lugar-Comum, Museu de arte de Belém/PA de 11/12/07 à 13/01/2008. Resultado da

Bolsa de Pesquisa, Experimentação e Criação Artística – Instituto de Artes do Pará – 2007.

• Lugar-Comum, FUNCAST, Castanhal /PA – Março e Abril de 2008.

• Olhares Cruzados Sobre a Natureza na Gravura Francesa e Brasileira ,Ano da França no Brasil, Museu Casa das 11 janelas , Belém /PA, 2009.

• Arte Pará 2005- Contemporâneo, Museu de Arte do Estado, 2005. (3º Grande Prêmio)

• 3ª Bienal de Gravura de Santo André, Paço Municipal de Santo André – SP, 2005. (artista convidado).

• Evidências, Kunsthans/Wisbaden – Hessen, Alemanha, 2003.

Exposição “A pele do Sensível” de Pablo Mufarrej e Ricardo Macêdo.

19:30 Palestra “O Fotográfico” de Rosalind Krauss – por Patrick Pardini com mediação de Fábio Castro.

Patrick Pardini é fotógrafo. Nasceu em Niterói-RJ em 1953 e mora em Belém-PA desde 1981. Realizou, na década de 1980, uma série de documentários audiovisuais sobre temas amazônicos em co-autoria com José Alberto Colares (Roda Peão, 1983) e uma primeira exposição individual (em 1989, no Centro Cultural São Paulo, em São Paulo) sobre ritos sociais urbanos, intitulada O ritual das máscaras. Em 1990, documentou comunidades remanescentes de quilombos no rio Trombetas (Pará). De 1995 a 1999, residiu em Amiens e Paris, onde realizou as exposições Autre Amazonie e Mondial Hors Champ. Atualmente coordena o núcleo de fotografia do Museu da Universidade Federal do Pará e se dedica a uma pesquisa fotográfica sobre “a fisionomia do vegetal na paisagem amazônica” denominada Arborescência, beneficiada pelas bolsas Vitae (2002) e Instituto de Artes do Pará (2003), e selecionada pelo Ano do Brasil na França em 2005.

Fábio Fonseca de Castro é graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Pará (1990), mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília (1994), mestre em Estudo das Sociedades Latino-Americanas (opção Antropologia) pela Université de Paris III (Sorbonne-Nouvelle) (2000) e doutor em Sociologia pela Université de Paris V (Sorbonne-Descartes) (2003). Professor adjunto da Universidade Federal do Pará, vinculado ao programa de pós-graduação Comunicação e Cultura na Amazônia e à Faculdade de Comunicação. Desenvolve pesquisa na área de convergência da sociologia e das políticas da cultura, da comunicação e da identidade, com ênfase na investigação das dinâmicas de intersubjetividade, sociabilidade, produção da identidade e historia cultural e na área sócio-cultural amazônica. Coordena o Grupo de Pesquisa Políticas de Comunicação, Cultura e Identidade. Foi Secretário de Estado de Comunicação no Governo do Pará. Também ocupou outros cargos e funções públicas: Secretário de Estado Especial para o Desenvolvimento Social (Governo do Pará), Chefe do Departamento de Comunicação da UFPA, diretor do Museu da Imagem e do Som do Pará, Coordenador da Câmara de Políticas Sócio-Culturais do Governo do Pará, Coordenador da Área de Desenvolvimento Cultural da Fundação Cultural do Pará, Assessor Especial para o Planejamento Político na Casa Civil do Governo do Estado do Pará, delegado pelo Pará à I Conferência Nacional de Comunicação. Autor dos livros “A Cidade Sebastiana. Era da Borracha, memória e melancolia numa capital da periferia da modernidade” e “Entre o Mito e a Fronteira. Estudo sobre a figuração da Amazônia na produção artística e intelectual de Belém entre 1970 e 2000”.

Programa da palestra
As fontes e os interlocutores de Rosalind Krauss (Barthes, Benjamin, Peirce) para combater os mitos do modernismo na arte e nos discursos sobre a arte (originalidade, unicidade, autenticidade, estilo), pensar a emergente arte pós-moderna dos anos 1970 e exercer uma crítica pós-moderna. A fotografia (indicialidade, “mensagem sem código”) como modelo. Do devir-arte da fotografia para o devir fotográfico da arte. O “fotográfico” como princípio de operação artística (independente da fotografia) e como objeto teórico. Os “espaços discursivos” não artísticos da fotografia.

Casa cheia na abertura do 8º Colóquio

Público no auditório do SESC Boulevard na palestra “Imagem e Fenomenologia” Foto: Irene Almeida.

Inscrições antes da palestra de abertura. Foto: Michel Pinho.

“Imagem e Fenomenologia” palestra de Benedito Nunes com mediação de Ernani Chaves. Foto: Irene Almeida.

Obra de Marc Chagall abordada durante a palestra. Foto: Ionaldo Rodrigues.

Benedito Nunes. Foto: Ionaldo Rodrigues.

Link para assistir a palestra “Imagem e Fenomenologia”:

http://static.livestream.com/grid/LSPlayer.swf?hash=2uqx3

Benedito Nunes na abertura do 8º Colóquio – “Fenomenologia e Imagem”

foto: Irene Almeida

 

É expressivo o reconhecimento da intelectualidade nacional e internacional em relação as reflexões do professor Benedito Nunes sobre literatura e sua relação de amizade e diálogo intelectual com grandes escritores da região e do resto do país. O 8º Colóquio de Fotografia e Imagem terá a honra de  contribuir na difusão da trajetória que o professor construiu também com o universo da imagem, e nesse campo, com as questões mobilizadas pela imagem fotográfica.

Um dos marcos dessa relação do professor com a imagem fotográfica é sua vivência com gerações de fotógrafos que incluem desde Gratuliano Bibas até a produção contemporânea de Luiz Braga e dos fotógrafos da Fotoativa. O professor fala um pouco dessa vivência no vídeo disponibilizado na seção “arquivos” aqui do blog do Colóquio.

Outro marco da produção de Benedito Nunes sobre a relação entre a imagem fotográfica e a realidade amazônica é o texto “Amazônia reinventada” publicado em 1998 no livro “II Fotonorte. Amazônia: o olhar sem fronteiras”. Nele o professor sintetiza a trajetória dos fotógrafos da Amazônia como a produção de uma segunda descoberta da realidade amazônica, subsequente as primeiras linhas dos cronistas e viajantes europeus que estiveram por aqui desde o século XVII, mas nova porque realizada em um processo em que o olhar e as representações sobre a região surgem em nova abrangência territorial e conceitual.

Sobre a palestra de abertura no Colóquio.

Em sua palestra o professor Benedito Nunes abordará elementos da teoria tradicional da imagem e os desdobramentos do pensamento sobre a imagem na fenomenologia. A contribuição dos autores que pensaram o imagético a partir das bases da fenomenologia e teorizaram a imagem na era tecnológica será analisada por Benedito Nunes a partir do pensamento de Sartre, Deleuze, Bérgson, M. Ponty, Roland Barthes, Vilém Flusser  e demais autores.

A mediação da palestra caberá ao professor de Filosofia da UFPA Ernani Chaves, participante de uma geração de intelectuais que tiveram sua formação construída no diálogo com o pensamento do professor Benedito Nunes.

Referências:
NUNES, Benedito. Amazônia reinventada. In: II Fotonorte. Amazônia: o olhar sem fronteiras. Rio de Janeiro: Funarte, 1998.

“Obra Revelada”, uma conversa de Benedito Nunes com Jorgi Coli a partir de uma fotografia de Gratuliano Bibas – http://www.youtube.com/watch?v=Bo7PCx_o9-w

Perfil – Benedito Nunes, Publicado em 29 de março de 2010 na Revista Cult – http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/perfil-benedito-nunes/

Depoimento de Ernani Chaves sobre Benedito Nunes – http://www.portaldaamazonia.org.br/benedictus/ernani.htm

Seja bem-vindo ao blog do Colóquio de Fotografia e Imagem

O blog do Colóquio de Fotografia e Imagem apresenta a memória das ediçoes passadas do projeto e através da publicação de conteúdo referente a edição de 2010 – “Filosofias da Imagem : Poéticas da Caixa Preta” pretende oferecer uma prévia das discussões que acontecerão durante os cinco dias da oitava edição do evento.

De 30/11/2010 (terça-feira) até 04/12/2010 (sábado) a Fotoativa, com o apoio do SESC Boulevard, realizará a oitava edição do Colóquio de Fotografia e Imagem. Todos os interessados em discutir as bases do pensamento estético contemporâneo e a conhecer novas falas da pesquisa e produção em artes visuais poderão participar de um ciclo de palestras e um fórum de pesquisa.

O ciclo de palestras contará com renomados pesquisadores locais participantes do processo de recepção da obra de pensadores da imagem no cenário intelectual regional. Cada pesquisador convidado irá abordar uma obra de referência do pensamento estético contemporâneo e debaterá com o público e um mediador convidado.

No fórum de pesquisa jovens pesquisadores locais irão expor pesquisas em artes visuais produzidas a partir de trabalhos acadêmicos e processos de criação artística.